17 outubro 2015

Conta-me como foi, dir-te-ei como me vais por trás #1

“Sou eu e uma ou duas queridas
Tu pensas que são tuas queridas
My nigga eu tenho tantas queridas
Eu devia ter duas vidas”
- Regula in poema “Langaife”
A Ordem Profética da Universidade do Minho comemorará a 13 de Maio os seus 25 anos, mas sempre existiram Profetas desde que o Mundo é Mundo, muito antes da criação desta Banda que tanto aquece corações e rabos grandes.

Se a OPUM DEI é um poço de sabedoria que todos cravejam mas no qual só as mais belas damas podem saciar-se, é também verdade que para alcançar este ápice de conhecimento passamos por mil histórias que nos deram experiência e a capacidade de distinguir a verdade da ilusão, o socialismo do Partido Socialista, uma gaja boa de um travesti bem constituído. Entre essas histórias, recordamos uma que nos é favorita, a lenda do Profeta Sebastião, que ainda hoje está muito presente na nossa mística profética.

Corria o ano de 1578 e era numa noite quente de Agosto, daquelas em que apetece ir para o Biba Ofir apreciar belas moças em tops e leggins justas. Contudo, longe, muito longe do Biba Ofir, em Marrocos, um homem de vestes sofisticadas encontrava-se na varanda de um distinto bordel. Do interior do quarto caloroso ouviam-se apelos de aconchego.

O Profeta Sebastião olhou pela última vez o amanhecer daquele dia e voltou para o quarto. Duas mulheres estavam prostradas no seu leito, esperando, ansiando, implorando o seu amor.

Mas o desejado Profeta Sebastião sabia que o tempo que restava era pouco. O que fazer quando os minutos são escassos? Ir pelo buraco um ou dois? Em que posição? Tais questões sempre lhe criavam stress. O seu amigo D. José Paiva entregara-lhe em mão no dia anterior umas plantas ali da localidade que, dissera ele, eram milagrosas. "Vais sentir-te no paraíso celestial", afirmara mesmo.

Abriu a gaveta da cómoda e de um saco de veludo retirou as ervas mágicas. Arrancou um pedaço de papel da Bíblia que tinha sempre pousada junto da cama e com alguma destreza de língua lambeu a mortalha e enrolou as ervas, formando um pequeno embrulho a que ali chamavam de "al charuto". Acendeu-o no lume de uma das várias velas que iluminavam o quarto e, com o charuto na boca, puxou o ar para dentro.

Um bom controlo da língua é essencial para diversas atividades do dia-a-dia.

Rapidamente sentiu algo divino percorrendo o seu corpo, certamente a mão de Deus, o mesmo Deus que o guiava a ele e aos portugueses na sua expansão. Naquela manhã partiria para Alcácer-Quibir para mais uma batalha, mas neste momento sentia-se acima de todo o mundo e ausente de qualquer medo.

Nada o assustava.

Nem a guerra.

Nem os otomanos.

Nem a aranha gigante que olhava fixamente para ele naquele momento.

Depressa o quarto se encheu do fumo do charuto. As meretrizes, enroladas em lençóis, imploravam ainda por mais amor sebastiano, mas já sem vê-lo, só ouviam alguém tossir pontualmente. A porta do quarto abriu-se de rompante e alguém gritou:

- D. Sebastião! A hora tarda e os soldados estão impacientes. Vamos partir agora se queremos estar à uma hora naquela taberna boa na estrada para Alcácer-Quibir e quem sabe comprar um ou dois tapetes.

As prostitutas ouviram passos e gritaram pelo Profeta Sebastião, mas este não lhes respondeu. Silêncio. Olharam, chamaram, mas nada ouviram em retorno. Ali, no meio da fumaça, não estava ninguém. Nada podiam fazer a não ser esperar que talvez o Profeta tomasse consciência e voltasse para uma rapidinha. Nada podiam fazer a não ser esperar que de entre a névoa voltasse D. Sebastião, o Desejado.

Até aos dias de hoje as donzelas que foram honradas com a companhia profética, depressa foram abandonadas e o prazer transformou-se em vazio, pois a presença de um Profeta é tão intensa quanto efémera, e são muitas as fãs que nos pedem que as acudam para escasso tempo que passamos neste Mundo.

Estas mulheres apenas podem esperar que, tal como o Profeta Sebastião, nós regressaremos um dia, para voltar a aquecê-las com o nosso calor profético.

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