16 fevereiro 2016

O amor das gordas é mais bonito.


Quem for um utilizador regular do Facebook, já terá observado o fenómeno das fotos de casais, nos quais um do par é um amigo seu e publica na rede social. Dada a proliferação deste tipo de fotos, estas rapidamente se tornam aborrecidas se apenas mostrarem os protagonistas, ou seja, se o local, a descrição ou que estão a fazer não for interessante. Tornam-se então dignas de interesse apenas para as amigas da mulher do casal, que comentarão com elogios e outras frases lisonjeadoras, na esperança de que sejam retribuídos, e mascarando a sua inveja. Poderão porventura os leitores questionarem-se porque está um Profeta a falar de semelhantes banalidades. Ora, como diz o nome da rubrica: “O Profeta Explica”.

Pois há, contudo, umas fotos que me causam uma moderada alegria e que também apenas mostram um casal: as fotos publicadas por gordas. Exemplo: vai um Profeta ao Facebook e depara-se com uma foto publicada por uma conhecida que é, como dizer, fortezinha ou, devo dizer, parece que veste um colete e umas cuecas feitas de banha por baixo da roupa. Na minha mente, eis o que penso: “finalmente!”. Esta rapariga gorda, que até pode ser boa moça, costumava comentar com as amigas o sex appeal de rapazes que elas conheciam, mas sempre de um modo um pouco triste, como se estivesse a falar de um sonho longínquo, pois sabia que não tinha hipóteses. Esta rapariga gorda, que até pode ter um grande coração, nem a última do grupo era, pois não era sequer considerada para potencial par. Esta rapariga gorda, que até pode ter muitas virtudes, já se tinha conformado com a solidão até aos trinta e cinco anos, chegando aos quais a maior parte dos homens entretanto já desistiram de tentar escapar à barriga de cerveja e a sua "cotação no mercado" baixa bastante.

De repente, esta jovem encontrou uma cara-metade (se bem que, tendo em conta a sua opulência, se o par não for de constituição igual será mais uma cara-um-quarto). O seu mundo tornou-se mais colorido: se não for para casar, os seus anos de universidade pelo menos já serão mais alegres; já não terá de tomar o pequeno-almoço sozinha na pastelaria, em vez de duas fatias de bolo pede três e dá meia fatia ao namorado; sentirá (ou voltará a sentir, quem sabe) um prazer que (surpresa!) não vem, ou não tem de vir, da estimulação da boca e do aparelho digestivo. Não precisa mais de pensar em ir ao ginásio (sim, porque ela nunca chegava a ir), dorme melhor sabendo que já não se justifica. Quando vejo uma foto de uma gorda com o namorado, uma gorda que eu conheço, acho comovente. Acho mesmo. “Esta já está despachada”. Mais dois gajos com padrões baixos e as meninas da Tun’ao Minho ficam arrumadas.

O amor de uma gorda é um amor sem ciúmes, pois ela bem sabe que para ser amada só quando o amor é cego mesmo. Ninguém se envolve com uma gorda sofrendo de uma paixão temporária - sofrem é de bebedeira. Uma gorda é uma esforçadinha por natureza, vai dar o seu melhor todos os dias, porque o seu ego é baixo, de tantas pedras que lhe atiraram no recreio da escola, e porque ela sabe que se o sexo com o namorado se tornar monótono facilmente se torna pior do que a punheta e acaba abandonada. Sim, sem dúvida, o amor de uma gorda é o mais bonito, o mais verdadeiro e o mais raro também, pois quase nunca acontece. Mas, quando acontece, ela é capaz de ir até ao fim do mundo para o defender - desde que consiga passar nas ombreiras da porta.

14 fevereiro 2016

E tudo a tua amiga levou.


Hoje, o texto da rubrica "O Profeta Explica" é dedicado aos homens que, por essa Rua Nova de Santa Cruz fora, tentam a sua sorte à quarta-feira à noite: falamos dos predadores e, porque em todos os palcos da vida há sempre um adversário, das "mãezinhas" que lhes sabotam os ataques. Qualquer que seja o seu meio de caça (bater coro, a "kizomba manhosa", etc.), se estás nesta vida há tempo considerável certamente terás deparado com os predadores e estas "mãezinhas" que protegem as suas "crias". Apesar de Profetas, também nenhum de nós está a salvo deste infortúnio que passaremos a descrever, pois se é verdade que somos venerados por muitas, também as há, embora poucas, aquelas que nos rogam pragas. Muitas vezes, este desprezo tem origem num amor profundo que azedou.


Imagina que estás na tua discoteca de eleição, já meio toldado pelo álcool, e fizeste uma abordagem bem-sucedida a uma rapariga atraente que se encontrava nas imediações. As coisas tornam-se cada vez mais quentes, as piadas cada vez menos inocentes, os sorrisos trocam intenções, forma-se aquele brilho no olhar: o caminho está traçado. Estão a dançar e a tensão sexual já está a ser convertida em contacto físico. Contudo, nesse momento, quando já estás a sentir aquela adrenalina da conquista misturada com o prazer da antecipação, tudo acaba.

Acontece que essa bela rapariga, naturalmente, não veio sozinha. Nas imediações também, estava um grupo de amigas suas, cada uma com os seus planos para a noite: umas no engate e outras, tendo namorado, ficando-se pela companhia do grupo. Uma delas, provavelmente uma das que não quer ficar sozinha enquanto as amigas se aventuram, decide que a bela moça que conquistaste não está bem e tem de ser resgatada, portanto procede a chegar-se à nossa beira, e começar a puxar a amiga pelo braço, destruindo todo o nosso esforço de uma (ou parte de uma) noite. Atenção: nós não as censuramos se o motivo for altruísta, se o gajo for mesmo feio ou se há compromissos a honrar (como levá-la a casa), também já resgatei amigos meus das mãos de outrém (principalmente quando são gordas). Contudo, a dúvida impõem-se: quais são as razões deste comportamento de "mãezinha", será de verdadeiro altruísmo? Ou será o medo de ficar sozinha, a inveja de não ter habilidade para a conquista?


Reconheço a importância de não deixar ficar ninguém para trás, a amizade deve ser valorizada acima de prazeres temporários, por muito intensos que sejam. Contudo, esta priorização deve ser feita com cautela, para não impedir ninguém de poder viver a sua vida como quer. A possessividade, na amizade, é um veneno que mata. A honestidade, contudo, é uma valor intrínseco a essa relação e deve ser praticada em todos os momentos. Meninas que saem para a noite na busca de companhia, expliquem as vossas intenções às vossas amigas, certifiquem-se de que estas, que se diferenciam na noite por outros objetivos, têm consciência de que poderão ficar sem a vossa companhia.

Os Profetas são, como já foi referido, adorados por muitas. São, ainda assim, irresistíveis para muitas mais, mesmo aquelas que, por vezes, dizem às amigas: "tem cuidado com os de roxo". A Luz Profética, de tão verdadeira, pode por vezes cegar quem a si mesma mente. Por isso, nós dizemos:

Fala, mas não sejas ingénua.

Dança, mas não sugiras mais do que o que queres.

Fode, mas não tenhas expectativas de continuidade.

Uma amiga que te impede do que tu queres é uma amiga egoísta. Não deixes que se perca a magia da sedução, o fervor das paixões nocturnas, a luxúria das one night stands. Porque se tu não colheres os frutos do que semeias, outras o farão, e serão recompensadas por darem mais valor. A vida só é longa para quem não vive intensamente com a vontade de retirar de cada momento tudo o que ele pode dar.


Por falar em momentos intensos, amanhã, dia 15 de Fevereiro, haverá festa da Ordem Profética no B.A. de Braga, bem quente e sensual, em antecipação ao nosso 25º aniversário em Maio:
Aparece e escolhe o teu roxo favorito.

11 fevereiro 2016

25 Tons de Roxo

Fevereiro, o mês do Cio. Ou pelo menos, o mês em que toda a gente admite que está com cio. 

Como se não bastasse, a meio deste mês celebra-se o dia do amor. Entenda-se que este dia é uma desculpa para sair de casa, jantar fora, oferecer presentes à sua cara-metade e postar fotos disso tudo no Instagram para os amigos e amigas solteiros saberem que a sua vida não é tão miserável como a do vizinho do lado (ou pelo menos acharem isso). Para nós, Ordem Profética, o dia de S. Valentim não passa de um embuste capitalista para obrigar os pobres de espirito a esforçarem-se, uma vez ao ano no mínimo, a não ser um casal de mongas e se divertir. Nesta perspetiva, para a Ordem, e tal como o Natal, Passagem de Ano, Carnaval, Páscoa, Velório e 1º de Dezembro: o Dia de S. Valentim é quando o Profeta assim o entender, e isso significa que provavelmente é em qualquer dia da semana, o ano todo (ainda mais provável é ser numa quarta-Feira, mas toda a gente sabe disso já.)


Apesar de admitirmos sermos uns eternos boémios com um líbido equiparável à potência de um G6, não esperem de nós que vos ofereçamos presentes caros e bonitos enquanto vos seduzimos a convidarem-nos para beber mais um copo de vinho no vosso apartamento. Pois o Profeta sabe que os melhores presentes não podem ser comprados. E que melhor presente para oferecer do que o presente da Sodomia? Vocês sabem a resposta...


No entanto o que podem esperar de nós é "life coaching" e diversão, no próximo dia 15 no B.A. de Braga. Porque se como Barney Stinson (não é Profeta mas é um visionário) um dia disse que a noite do dia 13 de Fevereiro seria a "Desperation Night" para os solteiros, nós deduzimos que o dia 15 seria o dia "Hoje estou por tudo". Porque os solteiros não tinham tido ação na noite anterior e como tal estão dispostos a baixar os padrões, facilitando a vida a toda a gente, e os casais sentem-se revitalizados e prontos para mais um ano de monguice, mas excitados o suficiente para se lambuzarem no meio da pista. E além disso, não fosse este também o 25º aniversário desta nobre Ordem, o que significa que os astros e os planetas se alinharam de modo a que tudo seja "destinado a acontecer", este dia 15 é também o primeiro dia da Semana da Euforia que todos os estudantes minhotos tanto aguardaram nos últimos 2 meses, representando esta semana a luz ao fundo do túnel que é a época de recursos. O que todos já sabem o que isto significa... 


Dito isto tudo não se acanhem! A Semana da Euforia, tal como o Enterro da Gata, é uma semana por ano apenas. Não deixem para amanhã a cerveja que podem regurgitar hoje e o pipi que podem lambuzar igual. Abram as festividades connosco (qualquer outra abertura é opcional - e bem vinda) e aqueçam os motores pois a dado momento na festa vão faltar apenas doze horas para o Rally das Tascas, e ninguém quer ir para o Hospital com uma entorse no fígado pois não lubrificou a máquina suficientemente bem. Para quem ainda está em dúvidas sobre esta festa, há uma probabilidade de termos um anão semi-nu a dançar nas colunas, doces e bebida com fartura, há a possibilidade de encontrarem aquele mambo que encontraram há umas quartas atrás mas o negócio ficou apenas a meio e agora querem tentar outra vez, e até os cupidos vão aparecer! Isto só para aqueles que acham a opção "netflix & chill" melhor que uma festa, que já têm um lugar especial reservado no Inferno por serem... wait for it... Mongos. 

04 fevereiro 2016

Remember the Alamo


Este texto que vos escrevo hoje incluirá um momento de história mundial. Acreditem-se na veracidade deste texto, incluído na íntegra no "Index Propheticum" e não disponível na BGUM, pois é o testemunho do Profeta Carlos Ray Norris, um profeta da Revolução Industrial que tal como tantos outros foram para a América em busca de Ouro, Whisky e petróleo barato, na conquista do Oeste. Profeta Norris, conhecido em toda a zona sul americana pelo seu indomável talento em ganhar jogos de póker com apenas dois pares e cortejar donzelas sem ter que lhes pagar mais do que um shot de whisky, esteve presente nesta fatídica batalha. Conto-vos então as palavras dele, tal como ele as diria.

A 23 de Fevereiro de 1836, durante a Revolução Texana, uma ocupação de 13 dias foi feita pelas tropas mexicanas comandadas pelo Presidente General Santa Anna (doravante mencionado como Sant'Anna). Sant'Anna lançou uma ofensiva intitulada de "A Missão do Álamo", para uma zona onde hoje se situa a cidade de San Antonio, no Texas. Sant'Anna, com uma força militar de 1800 homens, lutou contra os beligerantes da República do Texas, liderados por William Travis e James Bowie (não sendo este tio avô do Ziggy Stardust, desenganem-se), que contavam apenas com a força de 260 homens. Durante 10 dias, as tropas de Sant'Anna lutaram contra as tropas Texanas, onde Travis e Bowie não tiveram outra solução se não pedir reforços, em vão, e fazer uma retirada estratégica. Na manhã de 6 de Março, a armada mexicana avançou para a base do Álamo, invadindo-a e dizimando assim 257 texanos, que não conseguiram fazer nada senão perecer às mãos do inimigo. A notícia espalhou-se, e a população juntou-se à armada texana, tanto por ansiedade de combater como por pânico, sendo conhecido este movimento migratório como o "The Runaway Scrape". Esse movimento despoletou um ódio pelos mexicanos num nível tão elevado que comparativamente à propaganda de Donaldo Trumpo sobre os mexicanos quase parece um ciúme de casais, acabando com a invasão mexicana na Batalha de San Jacinto a 21 de Abril de 1836. Essa batalha, findada em apenas 18 minutos, foi vencida pelos texanos liderados pelo General Sam Houston. Antes do inicio da batalha, Sam Houston relembrou os seus soldados da batalha do Álamo e como o Sant'Anna dizimou todos os texanos sem deixar prisioneiros, e que estes lutadores da independência se deviam "relembrar do Álamo". Não havia sobreviventes, apenas a vitória ou a morte eram opções.

Hoje, em pleno 2016, encontramos-nos no mês de Fevereiro, um mês aguardado sempre com grande ansiedade pela comunidade académica, uma vez que esta representa o fim dos exames; o início de um novo semestre; a comemoração dos 180 anos da Batalha do Álamo, e uma eufórica semana que se avizinha. Nós, a Ordem Profética, deixamos aqui um memorando para todos vós: "Remember the Alamo", não deixem prisioneiros como o Sant'Anna fez e vençam esta batalha que é o curso universitário, pois nem a Gata sobreviverá a este semestre (mas voltaremos a este tópico posteriormente). Mas por enquanto, venham divertir-se conosco, convosco, todos juntos e todos nus, nesta ode ao Texas e aos Texanos que celebramos, pois a primeira Quarta-Feira do semestre não pode passar despercebida, e o caos (vulgo, "o Texas") é prometido. E não se preocupem, pois no fim da noite quem paga é o Sant'Anna.

01 fevereiro 2016

Este não é um comentário político

Há um vazio no prime-time nacional e isso deixa-me triste.

Acordo à segunda-feira a pensar naquele livro que não vou ler apenas porque o Doutor mo recomendou na noite anterior. Aquele volume excepcional sobre a milenar história do agripino e da sua importância na economia local da Beira Interior. É um facto que de qualquer forma nunca iria ler esse livro, mas choro por saber que não mo tentou impingir enquanto esperava calmamente por um novo episódio da Quinta. Pesa-me de sobremaneira que, depois de tanto se ter esforçado para não ler todos aqueles livros, não tenha um espaço onde possa dizer: “Olhem para todos estes livros que eu recomendo, não pela qualidade do seu conteúdo, mas pela quantidade da bonificação que eles me geram. Admirem-me pela quantidade de palavras que consigo parecer processar por minuto.”

Ah, Doutor! Qual rolha a sair numa banheira bem cheia, porque decidiu criar este vortex que remove a água quente e logo impedir-me de apreciar as bolhas daquele peidinho pelo qual esperei durante todo o domingo?

Bem sei que os galácticos pertencem ao universo e que aqueles minutos no serão eram diminutos para uma estrela de tal tamanho. Mas as pessoas precisam de si, dos seus livros, da sua aristocracia com aquele quorum brejeiro do povo que demonstra tanto quando opina sobre o orçamento de estado ou sobre o record mundial da maior omelete de enchidos de Ermesinde.

Hoje não vejo televisão ao Domingo. Hoje choro por aquilo que tive e que não mais irei ter. Pelo menos até se decidir falar a nós, o seu povo, os seus portugueses. Ou até nos prendar com uma bela mensagem de Natal e Ano Novo. Serão com certeza momentos memoráveis.

Mas isso não chega. Quero que o Doutor me fale ao domingo. Ligue à sua amiga da televisão e diga-lhe que um Presidente tem que ser Presidente. Ou então peça ao Engenheiro o contacto do pessoal da Venezuela ou ligue para os lados de Alvalade. Se há gente que sabe dar tempo de antena a um presidente são eles. Pode dar aquela ideia de ditadura mas, no final, o Doutor pertence ao seu povo e o seu povo pertence-lhe a si, e ninguém tem o direito de separar o que a TVI uniu. E, além disso, o Doutor sabe que é fotogénico.