27 abril 2016

My Lord? Your Grace?

O presente ano civil tem-se mostrado curioso; um monte de celebridades a morrer quase todas as semanas, um comentador televisivo a Presidente da República, um Dolan Drumpf em vias de se tornar presidente também, uma Bernardina que ainda tem direito a tempo de antena… Coisas muito estranhas a acontecer, um presságio muito estranho do que se avizinha. Quase se pode dizer que “winter is coming” (é por ser Abril, provavelmente). Uma coisa intrigante que aconteceu neste kick-off do mês de Abril terá sido também o 36º Congresso Nacional do Partido Social Democrata. Vou ser sincero, não prestei muita atenção ao que lá sucedeu. Apenas a recandidatura do Passas Monelho e a vice-presidência atribuída a Mª Luiz Alba-Queca chegaram para perder o meu interesse. Choveu muito, o Real Madrid jogou com o Barcelona e o Leicester também jogou. O Placard esperava-me…


Apesar de esse congresso ter-me captado a curiosidade pela série de eventos que surgiriam daí, a minha atenção foi captada com o discurso do Exº Sr. Dr. Meritíssimo Eurodeputado Advogado Pau Angél, quando disse que se devia acabar com os títulos académicos como meio de “hierarquia” e “supremacia” vigente nos documentos oficiais. Concordando ou não com isso, não interessa. O verdadeiro título hierárquico, o mais digno e o superior sobre os outros é o título de Profeta. E esse ninguém o tira.

A minha consternação sobre isso, apesar de ainda gostar dos tempos da inquisição em que todos os Lords deveriam ser tratados por tal, e todos os Reis deveriam ser tratados por “Your Grace”, parece-me a mim que a consternação do Eurodeputado se foca num ponto fácil de avaliar: existem coisas mais importantes para se preocupar e ninguém quer saber.


Menos a manifestação dos populares perante a notícia. Esses querem saber disso. Esses bajulam a atitude do PSD e do Sr. Pau Angél, mesmo tendo se calhar falado mal de ambos nos últimos 3 meses ao terem atuado numa questão qualquer mais relevante que isto. Qual é o mal, afinal, de alguém ser tratado por um título adquirido, seja académico ou real? Qual é o mal, afinal, de tratar pelo nome próprio um pós-doutorado Magna cum laude? Afinal não somos todos Charlie, ou Inácios, ou o que quiserem? Não há coisas mais importantes para tratar além da maneira como nos tratamos uns aos outros via correio? Até porque afinal de contas não tem importância nenhuma, os títulos que mais gostamos de atribuir uns aos outros são títulos pejorativos; tanto para provarmos sermos superiores, como sendo inferiores e tentar provar o contrário. E nada disso interessa, porque todos os títulos são inúteis. Repito, o único título que interessa é o de Profeta, e esse pode ser sempre almejado mas raramente alcançado. A vassalagem deve perceber isso. Não é um canudo que faz alguém superior. Nem a Opa faz o Profeta, mas sim o Profeta faz a Opa.

Para vós, plebe, o único título que vos deve importar será o de “humano”. Algo raro nos dias de hoje, como visto pela ex libris da poesia do ano 2016, Bernardina, que toda a gente conhece. E como toda a gente trata toda a gente pior que lixo, representando aquilo que o comum mortal é; pequeno, mesquinho. Não há título académico que esconda isso, tal como a maquilhagem de uma noite na discoteca, em que haverá sempre uma manhã de ressaca em que será impossível esconder a verdadeira face deformada que cada um tem.

25 abril 2016

25 de Abril Sempre – Fascismo Nunca Mais


 25 de Abril Sempre – Fascismo Nunca Mais
 Uma premissa com 42 anos de idade. Uma data que é quase um verbo, uma tomada de consciência, uma chamada à acção.




25 de Abril de 2016

A primeira pessoa com quem falaram hoje dir-vos-á que tem liberdade e a segunda provavelmente repetirá o mesmo. No entanto, e apesar de não ter conhecido a vida pré-Abril, acredito que hoje vivemos sob igual repressão. No mínimo. Mas hoje vivemos sem a liberdade que julgamos ter, e vivemos assim porque alegremente a entregamos. E desafio-vos a reflectirem comigo na facilidade com que entregamos a chave de nossa casa ao bandido.

Eu, Português Europeu e Terrestre, não tenho a liberdade para fazer o que quero e posso. Vivo num país que entregou por 4 anos a sua soberania a uma Tríade Tirana banqueira que decide vida ou morte em função da sua ideologia do dinheiro. Vivo num país que aceita que as pessoas não tenham o suficiente para que se possam atingir metas à décima da percentagem. E vivo num país que não pergunta se o aceitamos fazer. Afinal, vivo num país onde se assume que as pessoas são demasiado burras para decidir e que, por isso, não devem ter o direito a fazê-lo.

Vivo num país onde não existem Gargantas Fundas, onde não se aponta o dedo. Onde a censura tem o trabalho facilitado, em que o lápis azul está logo nas mãos dos jornalistas. Não há realmente liberdade num país onde as palavras são ditas por encomenda e em que, mais do que informar, se procura doutrinar as ovelhas trabalhadoras para que tranquilamente entreguem a sua lã. Por devoção.

Vivo num país, irmão pequeno de uma família grande onde uns comem mais que outros, em que os pequenos chegam apenas aos restos. Chegam aos restos mas agradecem-nos como se fossem bênçãos, beijando a mão a quem os dá como se fossem benfeitorias de alguém muito piedoso. Irmão pequeno que ignora meio século de destruição baseada em ideologias fascistas, belicistas e xenófobas, dando poder a grupos de pessoas que afirmam que uns são mais que outros e que a culpa de todo o mal está naqueles que, por menos terem, menos se podem defender.

Vivo num país que cada vez educa menos, que menos valor atribui às pessoas. Onde saber mais é perda de tempo e onde a crítica baseada em argumentos é menos forte do que o não só porque sim. Onde os valores de respeito e responsabilização desaparecem logo cedo dos olhos dos filhos. Onde os valores de luta e vida em sociedade não chegam à idade adulta. Onde não nascem crianças por não se saber que futuro lhes daremos.

É este o nosso Portugal livre. Ovelhas amordaçadas em pastoreio seco, comandadas por Pastores ignorantes em terrenos dos senhores da Terra, que sobejamente vivem do trabalho dos outros, sentados no alpendre enquanto decidem quem vive e quem morre.

Esta é a liberdade que temos. E amanhã vai ser ainda menor.

22 abril 2016

Versos de Amor e Amianto I

Que mal fiz eu ao mundo
Para tal me acontecer
A Fundação ainda mal chegou
E já se alinha p'ra me foder

Dizem-me que é coisa boa
Que é moderno e liberal
Vai é dar margem de manobra
Para enrabar o pessoal


São palavras bem brejeiras
Espero que não levem a mal
É a costela de Augusto Canário
A contar a história, tal e qual

A UM não é para velhos
A menos que tenham poupança
Também não é para novos
E menos que contem com a herança

O Reitor esfrega as mãos
Que criar Doutores gera dinheiro
Taxe também o cagatório
E facture-se tudo por inteiro

Já espero pelo próximo
Brilhante modelo de negócio
Que isto de ser Fundação
Rende mais que o sacerdócio

Só espero que não goste tanto de menininhos...